Rodovia SP 225 - ausência de autocontrole e de conhecimento corporal

quinta-feira, maio 17, 2018


O ciclismo de estrada começou a fazer sentido para mim e me despertou interesse sentada no sofá assistindo às etapas européias (que na verdade são etapas de montanha). A gente vê no rosto do atleta a dor, mas de fora tudo parece muito fácil. Assistindo, aos poucos me familiarizei com a modalidade da bicicleta, com as técnicas utilizadas para conseguir manter uma média boa durante todo o percurso e também compreendi que o psicológico conta muito nesse tipo de trajeto. Chegou o dia em que pude por em prática aquilo que imaginei o que seria o ciclismo de estrada, e acabei descobrindo o contrário do que eu pensava, que na verdade eu não sei pedalar. Abaixo você fica sabendo como foi a minha primeira breve experiência na SP 225.

Aqui devidamente bem vestida com a jersey do Cuzido CC. (Foto: Isaac Loureiro)
Desta vez, o pedal não estava muito em meus planos. A viagem à Bauru foi para curtir um final de semana em família e comemorarmos o Dia das Mães juntos. Porém, conhecendo bem a família que tenho e o gosto pela bike, resolvi colocar as roupinhas de ciclismo na mochila. Mas, como podemos ver nas fotos, usei essa jersey linda do Edo! Eu sempre soube que Bauru seria o lugar ideal para experimentar o ciclismo de estrada, pela rodovia estar perto da cidade e por ter grandes chances de estar descansada para o pedal. Então, resolvi que ficaria em Bauru por mais um dia apenas para experimentar o pedal na rodovia.


A SP 225 é uma Rodovia do estado de São Paulo que contém cinco nomes em toda sua extensão. No trecho de Bauru até Ipaussu (SP 270) ela recebe o nome de Rodovia João Baptista Cabral Renno. Para chegar até a SP 225, de Bauru, é preciso pedalar por uns 3km da Rodovia Rondon. É um trecho bastante fácil e simples, ótimo para aquecer o corpo e começar a se adaptar com a proposta do pedal. A paisagem é a que vemos nas poucas fotos tiradas durante o percurso que fiz, e de trilha sonora temos o silêncio, eventualmente o som dos veículos e o vento nos ouvidos. Nesse percurso, calculamos apenas 30,3km rodados em 1h40 com uma média de 18,9km/h.


Olha que bicicleta linda Brasil. (Foto: Isaac Loureiro)
A bicicleta escolhida da vez foi a road da minha cunhada Mariana, uma belíssima República 139 Custom 44x51 com 11v que me passou enorme segurança. Estou acostumada com a minha Giant de 8v, e confesso que ficava boba no momento em que podia deixar a relação da bicicleta ainda mais leve. Ela me ajudou bastante, mas não facilitou o pedal porque eu realmente não estava preparada para enfrentar o percurso, e principalmente as descidas.


Parece brincadeira falar que não estava preparada para enfrentar as descidas né? Pois é! Não sei de onde herdei esse medo extremo de velocidade, não gosto de banguela, tenho pavor de ver tudo passar rápido e me bate um desespero atingir altas velocidades. Na maioria das vezes, nem chego de fato a atingir grandes velocidades pelo simples fato de não me permitir chegar no máximo que a descida pode me proporcionar. Nesse percurso minha máxima foi de 56,9km/h na ida num trecho de 2,55km de descida. Para muitos, senão todos, a melhor hora de um pedal é descer e descansar as pernas. As minhas também descansam, mas a preocupação e o medo da falta de autocontrole me assombra. Preciso trabalhar minha autoconfiança na bicicleta para então enfrentar essas outras questões.


Se prepara para subir! (Foto: Isaac Loureiro)
Meu irmão havia me avisado das condições do percurso, dos possíveis obstáculos e que poderíamos voltar em determinados retornos. Resolvi que era melhor voltar para Bauru nos 15km pedalados, poucos quilômetros antes de chegar a Piratininga. Para mim ali, tinha sido o suficiente para experimentar o percurso e também sabia que enfrentaria cinco horas no ônibus na volta para minha casa (SP). Como desci, na volta eu subi. Os 2kms de descida foram os 2kms de subida. Nomeada "Subida de volta de Pira", é de categoria 4 com 4% de média de elevação, e subi numa média de 11,2km/h. A subida ainda continua por mais 2,1km variando de 2 a 5% de elevação, onde é preciso atenção para as entradas e saídas da rodovia.

Menos cansada do que de costume, mas certamente fazendo caretas. (Foto: Ianca Loureiro)
Dessa vez não sofri muito com dores, apenas uma queimação por conta do selim não ser o meu. Das próximas vezes tenho que lembrar de não levar apenas o travesseiro na viagem, mas o selim também. A respiração ainda é errada e isso continua me prejudicando. Todo o cenário, apesar de amigável, me deixou tensa demais. Como descrito acima, a preocupação com a velocidade e a bicicleta de outra pessoa me deixou sentindo nos ombros responsabilidades que não eram para tanto. Descobri que poderia ter sido melhor, ter deixado de lado os anseios e preocupações da vida e curtido melhor o percurso. Por isso, falhei na experiência. O bom é saber que terão próximas vezes.


Se você tem a oportunidade de pegar estrada eu digo que pegue! Ela te exige muito autocontrole e isso é maravilhoso quando adquirido. É estar atento com todo e qualquer movimento seu, o equilíbrio psicológico é essencial para um bom percurso. Continuo aqui registrando minhas poucas e breves experiências, para incentivar o uso da bicicleta e também para talvez daqui uns meses perceber avanços pessoais. Já pegou estrada? Me chama!? Obrigada!

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