Pico do Jaraguá - uma experiência sofrida e prazerosa
quinta-feira, maio 10, 2018
Eu sempre me esquivei de novas experiências, confesso que não conseguia encarar desafios e muito menos ir de frente com o desconhecido. E por esses e outros motivos pessoais, sempre recusei os convites do meu irmão para subir o Pico do Jaraguá pedalando. Acredito que desde quando comecei a pedalar nas ruas, como lazer e um pouco como "esporte", por influência do meu irmão, recebia convites do mesmo para subir o bendito Pico. Me faltava coragem e não acreditava em mim mesma que pudesse subir um dia. Meu irmão sempre acreditou muito em mim, ou apenas sempre me apoia e me empurra, para enfrentar certos desconhecidos principalmente quando o assunto é bicicleta. Me assegurou que eu subiria e ele estava certo. Aqui um relato de como foi minha subida e descida no Pico:
![]() |
| Vista do Mirante do Pico do Jaraguá. (Foto: Ianca Loureiro) |
O Pico do Jaraguá me assustava por ser o ponto mais alto da cidade de São Paulo com 1.135 metros. São 4km pedalando com 7% de inclinação média, sendo os dois primeiros quilômetros em categoria 4, o penúltimo categoria 3 e o último em categoria 4. Ou seja, no fim piora. Subi numa média de 8,4km/h e apesar de ser uma média baixíssima, para mim está ótima demais. Espero conseguir melhorar essa média nas próximas idas ao Pico, já planejo o próximo sofrimento.
Para chegar até o Pico eu não fui pedalando desde casa. Peguei metrô e trem até à estação mais próxima do Pico chamada Vila Clarice (Linha 7 Rubi da CPTM). Saindo da estação você pedala uns 2kms até chegar no Pico. É super fácil, segue à direita em direção ao viaduto da Bandeirantes, passou embaixo do viaduto você continua à direita, depois pega um breve retorno e já chega no pé do Pico. Digamos que é um pequeno pedal de aquecimento, e você já começa a subir o Pico no embalo.
![]() |
| Minha road Giant maravilhosa. (Foto: Ianca Loureiro) |
![]() |
| Detalhes da minha road Giant guerreirinha. (Foto: Ianca Loureiro) |
A minha road tem relação de 8v com pedivela clássico 53/39 e cassete de 11/28. Lembrando sempre que road não facilita pedal, só te proporciona mais velocidade. Teve certos momento que o Isaac até me prometeu um cassete menor com menos dentes, mas não aguentamos esperar a compra e fomos. É legal você se esforçar numa ajuda "mínima", para quando se sentir "favorecido" perceber que valeu a pena o esforço anterior. Como disse acima, subi numa média bem baixa de velocidade e acredito que fui bem sendo minha primeira vez.
![]() |
| Aqui devia ser no 2,5km da subida. (Foto: Isaac Loureiro) |
![]() |
| Aqui foi no mesmo momento, devia ser no 2,5km da subida. (Foto: Isaac Loureiro) |
Agora vamos ao o que interessa. Como foi a subida? Bom, de início tudo parece lindo. Para ser bem sincera eu menosprezei bastante os dois primeiros quilômetros, mas mesmo assim mantive a road numa marcha que me forçasse a manter um ritmo de subida. Devo ter deixado em marcha leve em poucos metros no segundo quilômetro. Existem alguns falsos planos que aliviam um pouco as pernas, mas, se quiser subir legal, aconselho manter a marcha para que você não perca o ritmo. Como de costume, as pernas vão aquecendo e tudo bem porque elas devem aquecer sim. Se você perceber que fora as pernas, outros órgãos estão aquecendo (como cabeça, bunda e vagina) é melhor rever algumas coisinhas. Minha cabeça aqueceu bastante porque não sei respirar corretamente pedalando e também porque estava com cap.
Parei duas vezes depois do 2,5km. Na primeira vez a perna travou, parece que não queria funcionar mais e percebi que não aguentava mais o calor da cabeça. Bebi água, tentei respirar melhor e parecia que o ar não vinha. Eu tinha duas opções: descer o que já tinha subido ou subir o pouco que me restava. Eu subi bastante mal, sentia a bunda queimar demais e isso me atrapalhava muito a concentração. O selim certo faz toda a diferença e eu já providenciei um bacana para as próximas vezes (obrigada Carla!). A ajuda do meu irmão nesse momento foi essencial. A segunda vez que eu parei faltava apenas 800 metros para o fim do Pico, isso me entristece hoje, mas sei que na hora foi preciso e preferi terminar aquele último empurrando a bicicleta. O último quilômetro é terrível e eu senti muita tontura e indisposição para seguir pedalando.
![]() |
| Eu inspirando alegria. (Foto: Isaac Loureiro) |
![]() |
| Eu tentando fazer a tranquilona, mas estava cansada. (Foto: Isaac Loureiro) |
![]() |
| Meu irmão Isaac Loureiro que comprou saborosa água de coco. (Foto: Ianca Loureiro) |
![]() |
| Placa "Verifique os freios" e um casal na frente. (Foto: Ianca Loureiro/ 2015) |
A descida do Pico exige atenção, concentração e principalmente prudência. As curvas são fechadas, mas nada que um domínio de bicicleta, controle dos freios para não super aquecer e saber movimentar o corpo na hora certa não lhe faça descer com segurança. Eu senti um pouco de dificuldade de visualização por conta da minha miopia, estava com óculos, mas descer abaixada e olhando para frente não é lá muito confortável. A saída foi descer meio cega meio atenta. Quando você menos espera os 4kms acabam e você fica querendo mais. Descer me fez rever onde eu tinha parado e desistido, tão próximo do fim, mas tudo bem.
O Pico do Jaraguá carrega uma história muito grande por si só e subir ele pedalando, caminhando, correndo ou pela trilha te faz criar sua própria história. Eu criei a minha e contei aqui para vocês. Já perdi as contas de para quantas pessoas eu já falei que enfrentei essa subida. Espero subir outras vezes ainda esse ano, e quem sabe reporto aqui para vocês alguns dos meus avanços? Você já subiu o Pico? Já subiu alguma outra super inclinação?
O primeiro post do blog foi esse e espero que vocês tenham gostado do relato. Prometo conteúdo pessoal, porém relevante e de qualidade, com um pouco ou bastante sobre fotografia e também passando pelo veganismo. Se quiser saber o porque criei o blog, sobre quem escreve e o que pretendo clique aqui. Obrigada!









0 comentários